Saudade dourada, por Sergia A.
praia peito de moça - Luis Correia-PI
Eu tinha uma alma. E ela era pura. Trabalhava arduamente para isso. De joelhos, controlava os impulsos de manchá-la um pouquinho. Nada de mais, algumas nódoas de frutas roubadas dos quintais. Nada mais. E assim ela se conservava. Afastada do meu corpo. Aconchegada no colo dos deuses.
Eu tinha uma alma. E ela habitava em mim. Largou as nuvens brancas e se alojou na minha mente. Trabalhava arduamente pela sua coerência. O peito inflado de certezas que douravam minha racionalidade. Pouco importava se diziam ser fruto de processos inconscientes infinitos. A ela entregava meus mais (im)puros sentimentos. Havia um super-ego, por sorte. E ela se conservava em mim. Afastada do meu corpo. Aconchegada em aura flutuante.