Assim, aos poucos, ia se formando no meu sangue
o projeto de eu mesmo erguer, de novo, poeticamente,
meu Castelo pedregoso e amuralhado.
Tirando daqui e dali, juntando o que acontecera
com o que ia sonhando, terminaria com um Castelo
afortalezado, de pedra, com as duas torres centradas
no coração do meu Império.
(personagem Quaderna, de Ariano Suassuna, in O Romance d’Pedra do Reino p. 115)
Não havia teatro no lugar onde nasci. Falo do espaço físico e da arte dramática nos moldes clássicos. Assim se falava. Havia os livros. Havia os dramas e as comédias de circo. Sob a lona ou nas feiras sobre rústicos tablados. Não havia hotéis. Quando alguma coisa a mais acontecia as famílias hospedavam parentes e amigos, e os amigos dos amigos.
(personagem Quaderna, de Ariano Suassuna, in O Romance d’Pedra do Reino p. 115)
flores sobre argila, por Sergia A.
Não havia teatro no lugar onde nasci. Falo do espaço físico e da arte dramática nos moldes clássicos. Assim se falava. Havia os livros. Havia os dramas e as comédias de circo. Sob a lona ou nas feiras sobre rústicos tablados. Não havia hotéis. Quando alguma coisa a mais acontecia as famílias hospedavam parentes e amigos, e os amigos dos amigos.
Eu ali no quarto que era de todas. Pequena, admirando a altura de sua beleza reluzente. Ela fazia parte da trupe. Ela se olhava no espelho. De repente, me olha. Conversa comigo. Diz-me que vai encenar Auto da Compadecida. Não fazia a menor ideia do que se tratava. Estranho mesmo era o nome do autor. Ela repetia. Pacientemente ia se esquivando da minha curiosidade. Ficou o nome esquisito, repetido até convencer de que não faltava nenhuma letra: A R I A N O. A peça foi encenada em lugar arranjado. Talvez o salão paroquial. Não lembro. Não me permitiram ver. Ficou um nome rondando enquanto eu tomava gosto pelas palavras. Surgiram outros títulos esquisitos para livros (O santo e a porca, O homem da vaca e o poder da fortuna). Uma estranheza que se reconhecia nas feiras da minha cidade.