quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Geometria da luz



a forma a cor, por Sergia A.


Sobre a rocha
a forma
memória em ondas
que flutuam sobre o nada
o risco
a marca
o caminho
 o tempo que transborda



Em Guimarães-PT, 22/09/2014

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Advento IV


Somos filhos da época 
e a época é política. 

Todas as tuas, nossas, vossas coisas 
diurnas e noturnas, 
são coisas políticas. 

(Wislawa Szymborska, in Filhos da época – Poemas p.77 – trad. Regina Przybycien) 


A água, por Sergia A.


Novembro é lindo! Vivo repetindo pelos cantos. Ecoam trovões para afugentar o calor das tardes infernais. Isso, por si só, já me basta. Sem prejuízo das razões cantadas em outros novembros. Assentada a poeira, posso aspirar o cheiro do ar ainda úmido. Descobrir nas nuvens as nuanças do cinza. No intervalo entre uma palavra e outra fechar os olhos e sonhar.

No entanto, há no ar de novembro mais que o cheiro exalado pelas gotas que molham a terra seca. Inconformados com os rumos que o país deseja seguir (demonstrado nas urnas) golpistas mancham as ruas destilando um ódio gratuito. Vermelho vira cor proibida. Dobrar à esquerda um atentado ao pudor. Enquanto os derrotados, cegos de desejo, flertam com o fascismo na tentativa de abocanhar o que, por direito, não é seu.