The world is blue at its edges and in its depths.
(Rebecca Solmit, in A field guide to getting lost p.29)
palmeiras, por Sergia A.
Sem rodeios, a primeira linha me diz que a alegria de junho dói. Segue sem uma vírgula que me faça respirar. Diz que, às vezes, o caminho refeito pela memória é chama de fogueira a nos consumir. Esfrego os olhos e encontro os óculos, ainda na esperança de que tenha sido traída pelo balançar das letras sonolentas. Os pontos de ardência continuam lá.
Se fechá-los, apertando bem, sou transportada ao instante que o antecedeu. A fresta. A porta. O corredor. Os lençóis revirados e o travesseiro abandonado pela pressa do salto. Atraso o relógio em alguns minutos. Desejo ouvi-lo, estridente, abafar o ruído quase imperceptível do papel se embrenhando pela passagem estreita. Ou, dos passos se afastando sorrateiramente. O toque.