Si tuviese lector, más largo espacio
para escribir, en parte cantaría
de aquel dulce beber que nunca sacia;
mas como están completos ya los pliegos
(Dante Alighieri, Canto XXXIII de Purgatório in A Divina Comédia)
que al cántico segundo destinaba,
no me deja seguir del arte el freno.
no me deja seguir del arte el freno.
De aquel agua santísima volví
transformado como una planta nueva
con un nuevo follaje renovada,
con un nuevo follaje renovada,
puro y dispuesto a alzarme a las estrellas.
(Dante Alighieri, Canto XXXIII de Purgatório in A Divina Comédia)
entrada, por Sergia A. |
Florença, 14/10/2015
Querida L.
Uma linha direta, menos de uma hora de trem e cá estou antes do meio dia. A ordem é largar malas e curvar-me de espanto logo na primeira esquina. Visão que tento te repassar nas imagens acima - uma ligeira ideia da riqueza de detalhes, cores, e rumores que o berço do renascimento espontaneamente oferece de entrada.
o verde, por Sergia A. |
Fiquei em dúvida se devia escrever na identificação de local Florença ou Toscana (a região). Apesar da certeza de que não seria desperdício ficar perambulando entre grandes mestres e jovens pintores de aquarela todos esses dias, resolvi visitar os arredores em dias alternados. E a região me encanta e confirma a expectativa criada pelos filmes e livros que a tornam ao mesmo tempo familiar e desejada. No entanto, o ar de Firenzi me toca a ponto de relevar as seis noites mal dormidas e a reação alérgica do meu corpo aos seres minúsculos e invisíveis que se escondem nos prédios antigos.
Sim, hospedei-me no centro histórico, rodeada de Igrejas e a poucos metros da Piazza del Duomo. Sabe aquelas portas de madeira enormes, pesadas, que rangem para encher de suspense as cenas de filme? Pois é por uma delas que tenho acesso à minha acomodação. Os anfitriões são simpáticos, mas o lugar é assombroso. Lá fora a cidade não dorme e os sinos repicam a cada hora. Talvez os que vêm até aqui entendem que dormir seja deixar escapar muito do que se pode explorar desta preciosa relação espaço/tempo. Aqui dentro também não durmo, escuto a música e as vozes alteradas das ruas, e fico a imaginar as vidas que por aqui passam por séculos e séculos e séculos. Aproveito, assim, a última noite para te enviar alguma coisa da beleza desses dias chuvosos, frios e arrebatadores (que mais eu podia desejar?)
o Arno a ponte, por Sergia A. |