um fruto, por Sergia A. |
Querida L.
Teu nome já não carrega a grafia do sangue pela miscigenação incorporada. Assim como não carrega a grafia dessa, apagada pelas convenções que a história nos impôs. É sobre isso que penso ao ceder ao cansaço e me sentar, por acaso, em frente a ela em uma tarde de outono do outro lado do mundo. Vejo meus ancestrais, me vejo, te vejo, vejo o que virá depois em narrativas do tempo. Tenho à mão uma câmera e um bloco que tornam o rabisco inevitável:
o tronco se retorce
na brutalidade da vida
longeva sob o sol
prosperidade milenar
vencida a heroica distância
que o solo coloniza
retorcidos são também
os galhos novos
assim serão os frutos
olea, erawa, oliva
assim são os nomes
nascidos da terra
e das mãos nos campos
ou o que restou deles em nós
beijos!
tua
S.
tua
S.
[P.S.: desculpa, esta se guardou por dois anos e alguns meses... e te vai de presente de aniversário!]
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