Persia: ancient soul of Iran: Marguerite Del Giudice
Fotografia: Newsha Tavakolian
Fotografia: Newsha Tavakolian
Fonte: National Geographic Magazine, Agosto/2008
A window is enough for me.
A window to the instance of light, insight and peace. [1]
Para entender Walter Salles é preciso conhecer o cinema iraniano, me disseram um dia desses. E eu, que só tinha visto ligeiramente, por acaso em noites insones, Filhos do Paraíso (Majid Majidi, 1997) e O Silêncio (Mohsen Markhmalbaf, 1998), fiquei boiando.
Para entender o cinema iraniano é preciso entender a cultura persa, me disseram. E haja esforço para lembrar os velhos compêndios de História Geral. Aryan... império persa... cyrus... darios I, II, III... alexandre. E aí, um insight. Alexandre, que não era bobo, se rendeu à cultura persa, adotou seus métodos administrativos e casou-se com Roxana.
Para conhecer o Irã e o que o Irã realmente é, basta ler uma transcrição de Cyrus. Disse Shirin Ebadi, advogada iraniana e ativista dos direitos humanos, quando ganhou o Nobel da Paz em 2003. Referia-se ao conceito de liberdade e direitos humanos que, dizem os iranianos, não pertence aos clássicos gregos, mas a esse Imperador que no século VI a.C tinha a sabedoria de respeitar costumes e crenças dos povos conquistados. E daí? O que isso tem a ver com cinema?
Para entender o cinema iraniano é preciso entender a cultura persa, me disseram. E haja esforço para lembrar os velhos compêndios de História Geral. Aryan... império persa... cyrus... darios I, II, III... alexandre. E aí, um insight. Alexandre, que não era bobo, se rendeu à cultura persa, adotou seus métodos administrativos e casou-se com Roxana.
Para conhecer o Irã e o que o Irã realmente é, basta ler uma transcrição de Cyrus. Disse Shirin Ebadi, advogada iraniana e ativista dos direitos humanos, quando ganhou o Nobel da Paz em 2003. Referia-se ao conceito de liberdade e direitos humanos que, dizem os iranianos, não pertence aos clássicos gregos, mas a esse Imperador que no século VI a.C tinha a sabedoria de respeitar costumes e crenças dos povos conquistados. E daí? O que isso tem a ver com cinema?
Tem, que, Marguerite Del Giudice em uma reportagem para National Geographic, me disse que o povo iraniano, e aí se incluem seus cineastas, seus arqueólogos, seus artistas, seus escritores, depois de uma história milenar de conquistas e invasões de toda sorte, são orgulhosos de sua capacidade de absorver aspectos das culturas invasoras sem perder a sua identidade. Uma certa elasticidade que faz cada iraniano se pensar como um persa, um islâmico, um ocidental. Um portador da civilização humana.
Tem, que o povo iraniano, por mais estranho que possa parecer para quem os conhece via GLOBO que reproduz CNN, é amante da vida, do vinho, do amor e da poesia. Adoram seus poetas. Que fique entre nós, mas dizem que as obras de Ferdowsi, Rumi, Sa‘id, Omar Khayyám, e Hãfez, mesmo nos últimos trinta anos de estado teocrático, no silêncio das noites, são mais consultadas do que o Alcorão.
Então, sabe aquelas benditas conspirações do universo que vivem dando um jeito na minha vida? Pois é, de repente vejo um cartaz: Mostra de Cinema Iraniano na Casa da Cultura. Vibrei. Agora era só enfrentar meu medo das ruas mal iluminadas e sem policiamento do centro de Teresina. Não pude ver toda a seleção, apesar de reduzida. Mas, aprendi que o cinema iraniano é quase tão antigo quanto o próprio cinema. Que em 1905, Teerã já tinha uma sala de cinema. Que os anos 1960 foram tão férteis e inovadores dessa linguagem por lá, quanto o nosso Cinema Novo por aqui.
Gosto de cereja (Abbas Kiarostami, 1997) e o festejado A separação (Asghan Farhadi, 2011) me deixaram atônita. O primeiro pela impressionante sensação de realismo das cenas. Um carro em movimento pelos subúrbios de Teerã, um suicida preocupado com seu enterro, personagens vividos por atores não profissionais, e o contra-senso de um fim que me diz: isto é ficção. O segundo pela capacidade de mostrar como um problema doméstico que se arrasta e envolve toda uma comunidade, pelas lentes da arte pode ser percebido como metáfora para questões maiores como as contradições da sociedade iraniana, e outras tantas que estão na origem de todos os desentendimentos humanos.
Ah! Uma janela e sua luz. Foi uma cena de A Separação que me fisgou. O pai ajuda a filha nas tarefas escolares. Depois que ela responde em árabe, ele pergunta: e em farsi? Ela repete, e ele corrige a pronúncia. Dizem que foi por causa da poesia que trezentos anos de dominação árabe não conseguiu extinguir a língua farsi, e com ela a identidade iraniana. Que vivam as imagens poéticas de nosso cinema antropofágico tupiniquim!
A Separação por Asghan Farhadi, 2011
Fonte: YouTube
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[1] Forough Farrokhzad in Window, from the anthology Tavaloddy Digar (Rebirth).
Tradução do Farsi por Maryam Dilmaghani, June 2006, Montréal - Canadá.
Tradução do Farsi por Maryam Dilmaghani, June 2006, Montréal - Canadá.
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