sexta-feira, 6 de julho de 2012

Do laboratório: E Paris sempre será uma festa móvel.


O décimo primeiro mês do primeiro ano da segunda parte se foi. Os longos anos da primeira parte, por vezes confinados em uma passagem estreita, carimbam agora meu passaporte:


Janelas Floridas, por  Sergia A.


Se você teve a sorte de viver em Paris quando jovem,
sua presença irá acompanhá-lo pelo resto da vida,
onde quer que você esteja, porque Paris é uma festa móvel.

 (Ernest Hemingway, em carta a um amigo, 1950)


Sempre fica a sensação, de que os dias são curtos, embora tão longos nesta estação abençoada pelo sol. Fico sonhando com as horas em que meus pés tocarão preguiçosamente esse chão sem a pressa dos guias ou sem a ânsia de consumir monumentos, parques e museus antes que o meu tempo os devore sem mim.


Ainda assim, é possível respirar a arte, sentir a história saindo das ruas para tocar de leve o meu corpo e invadir minha mente. Na sua amplidão cosmopolita sente-se vagamente alguns poucos sinais da crise econômica que os abate. Um deles é percebido de imediato no tratamento dispensado aos sul americanos: passar pela imigração nunca foi tão fácil. Ser cumprimentado com simpatia, e em português, é um luxo que por fim passamos a merecer. Aproveitemos, pois.

Entre cafés e jardineiras graciosas, não encontro a passagem secreta para o “salon littéraire” de Gertrude Stein. Talvez me falte a persistência ou a sensibilidade da personagem de Woody Allen em Midnight in Paris (2011) . No entanto o magnetismo que encantou a geração perdida continua em cada esquina em meio à inquietude das câmeras orientais.  

Dizem que a festa acabou quando se anunciou a grande Depressão, e os festeiros tomaram o navio de volta para um porto na America. Prefiro acreditar na mobilidade contagiante da festa que nos cerca e absorve, sem cerimônia, os sinais dos novos tempos.

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