domingo, 14 de fevereiro de 2016

Sobre ondas e conexões à toa


Além de mim, fora de mim, estava o universo imenso,
que existe independentemente dos seres humanos
e que se nos apresenta como um enorme e eterno enigma,
em parte acessível à nossa observação e ao nosso pensamento.
A contemplação desse universo acenava-me como uma força libertadora.


(Albert Einstein in Notas Autobiográficas)


Sidi Guariach/ Flicrk – CC BY 2.0, in Revista Ciência Hoje online, de 02/08/2013  



Não faço jejum, mas vivo a admirar a coragem de quem chacoalha certezas. Foi o que me veio à mente ao ver, pela TV, o chefe da igreja católica no aeroporto de Havana em plena quaresma. Sim, a endemoninhada ilha de Cuba é palco para um encontro de igrejas. Sim, não enlouqueci. É só o tempo impulsionando as voltas do mundo.

Na mesma tarde, em sequência na TV, escuto economistas ortodoxos dissecando a crise econômica. Sim, já admitem que o baixo ciclo de crescimento que se abateu sobre terras tupiniquins não é privilégio de nossa alardeada incompetência. Sim, existe a China e uma onda de migrantes derrubando cercas Europa afora. Sim, não enlouqueci. É só o tempo impondo ao mundo um novo pensar.

E por falar em onda, cientistas cheios de certezas me dizem que, como previa Einstein, o tecido do universo vibra. O que me desperta uma saudade de quando ainda achava que a ciência era o meu caminho. De um olhar distante me falando do tempo como essência das coisas, tão fundamental quanto o espaço ao qual se funde em uma síntese mais profunda. Éramos jovens e pensar o futuro assombrava o presente. Sim, não enlouqueci. É só a dança do tempo revirando escolhas.

E por falar em onda e escolhas, parece certo que o domínio do conhecimento sobre ondas eletromagnéticas revolucionou a nossa relação com o mundo. Compartimentos políticos e econômicos protegidos perderam o sentido quando se apagaram as barreiras da comunicação. Nesse espaço-tempo nasce um planeta sem linhas habitado pelo ser humano. Ainda que a língua e a cultura continuem a nos diferenciar, já não poderão nos separar ou classificar. Sim, não enlouqueci. É só um jeito de entender que se deus joga dados ou se existem leis perfeitas para o universo das coisas reais, somos afetados pelas regras do jogo ou da lei. É só um jeito de absorver essa força libertadora e dar forma à esperança.

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