domingo, 30 de junho de 2013

Desfolhamento


Nuvens me cruzam de arribação.
Tenho uma dor de concha extraviada.
Uma dor de pedaços que não voltam.
Eu sou muitas pessoas destroçadas.

(Manoel de Barros in
Os deslimites da palavra - O livro das ignorãças)


Janela para nuvens,  por  Sergia A.


O ouvido já não capta o silêncio. Nem os sussurros anoitecidos ressoando entre   versos   inconfessáveis.   Avesso. Os rastos ofuscam o brilho da janela. Opacos rebentos do agora movendo-se em rodopios ao sabor do vento, entorpecidos sob o peso das horas.

O olho já não alcança o gesto. Vestígios dissolvendo-se na luz difusa da ausência. Reverso. Toma corpo o que de corpo se ressente. Ergue de leve a minha mão e juntos colorimos com brandura o leito branco onde adormece a fria solidão.

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