Foto da Storia
(a M. dopo la bomba)
La città è diversa?
No, non è diversa
Ricostruiremo
quelle stanze
nella piazza dove eravamo
foto da Storia
per cinque ore
fianco a fianco
storditi o feroci
ripassando ci ignoreremo
Riapriremo la radio
Chi si buca ha detto
che forse smetterà
Siamo piú tristi
e non ce lo diciamo
I giornali dicono
che resistiamo
Della vita non bisogna
No, non è diversa
Ricostruiremo
quelle stanze
nella piazza dove eravamo
foto da Storia
per cinque ore
fianco a fianco
storditi o feroci
ripassando ci ignoreremo
Riapriremo la radio
Chi si buca ha detto
che forse smetterà
Siamo piú tristi
e non ce lo diciamo
I giornali dicono
che resistiamo
Della vita non bisogna
parlare mai
(Stefano Benni, in Prima o poi/l'amore arriva p.99)
Querida L.
Da saudade de ontem:
Estou novamente em um trem, por uma hora e quarenta minutos, em busca de um novo destino. Pela janela observo os campos verdes, arados em cada palmo. De vez em quando um túnel atravessa uma pequena montanha. E rapidamente elas se perdem no azul da distância. Outras vezes são rios de águas calmas, separando terras unidas por belas pontes, que nos dão passagem. Os trens regionais param bastante e isto pode parecer cansativo, mas é extremamente estimulante ver os rostos que sobem e descem, suas pressas, suas ansiedades, suas vidas que a minha imaginação começa a construir automaticamente. Mas, isso é só um jeito de dizer que sinto a tua falta, e de honrar o compromisso assumido. Nada mais inquietante, para mim, do que um texto iniciado. Logo, logo, quando meus pés sentirem o chão da cidade, ele se completará.
outra estação, por Sergia A.
Da saudade de hoje:
Então, estou de volta, disposta a eliminar a urticária que toma conta dos meus dedos. A cidade me conquista logo na saída do hotel, com uma rua dedicada aos poetas e com a arquitetura de suas galerias reveladoras da riqueza e do tempo. A cada passo preciso erguer os olhos abobalhados diante das marcas dos milênios e sentir o arrepio que percorre meu corpo quando este se dá conta de que por aqui viveram etruscos, celtas, romanos, até os cidadãos que a tornaram uma municipalidade livre em plena Idade Média. Ou, até formar essa onda alegre de estudantes apressados que nos atropelam com suas mochilas e fones de ouvido. Orgulhosos, talvez, de pertencerem a uma instituição fundada em 1.088 (consegues imaginar?), e que ostenta o título de universidade mais antiga do mundo.
a conquista, por Sergia A. |
Alguns passos a mais e dou de cara com a Biblioteca comunale dell'Archiginnasio, sede da mesma universidade entre os anos de 1563 a 1805. Perder algum tempo em seus corredores lendo os afrescos que carregam os nomes dos formandos de medicina dos séculos XVI, XVII, XVIII é o modo que encontro para me envolver de vez em sua atmosfera ou naquilo que eles costumam chamar de "alma estudiosa". E as horas ligeiras se esvão entre livrarias, cafés e torres medievais. Ou, mergulhadas no silêncio dos templos pagãos escondidos sob claustros cristãos. Personagens e suas histórias por contar, assim como a dos rostos nos trens, se entrelaçam na imaginação, interrompida pelo badalar dos sinos que me traz de volta ao chão que me prende no agora.
os afrescos, por Sergia A. |
Outro dia. Outros passos, outra biblioteca e uma praça me despertam para a realidade de suas dores mais recentes. Leio nomes. Vejo rostos em preto e branco. Analiso os tempos e movimentos distintos unificados pelo mesmo fim. Que correria das suas vidas os levou àquele lugar no instante da explosão? Que certeza move os homens que decidem pelas bombas? Mais que a tristeza das tragédias, a lembrança dos mortos reverenciados parece dizer que a cidade se reconstrói, no entanto não aceita a violência como natural. Ou, talvez, seja apenas uma tentativa de, como no célebre teatro de anatomia, dissecar publicamente o horror e afugentar o medo. Etapa necessária para o aprendizado mínimo. Ou, para que a vida retome seu fluxo transformador.
os nomes as pessoas, por Sergia A. |
Por hoje, é só. Fecho o livro do poeta que me guia. Abro a janela para sentir o ar frio. Lá fora, os sabores de uma tábua de frios, pães, azeite e vinho da região, dispostos em mesas felizes, estão a me chamar. Sim, a vida se recompõe.
Abraços e beijos
tua
S.
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