sexta-feira, 16 de maio de 2014

Madrugada



Já não há mãos dadas no mundo
Elas agora viajarão sozinhas.
Sem o fogo dos velhos contatos,
que ardia por dentro e dava coragem.

(Carlos Drummond de Andrade in Mas viveremos, A rosa do povo p.167)

 
 
Do outro lado, por Sergia A.


Atrás do vidro, a rede de proteção. O anteparo ao salto para a luz que se dilui no asfalto. Antes que se complete a acrobacia. Atrás do vidro, linhas se cruzam e se apagam na luz refletida. Da rua pontos flutuantes iluminam páginas adormecidas. 


Atrás do vidro, o clique repentino. Inquieta a paz e emudece o silêncio dos quintais. Como o insistente ladrar de um cão. Atrás do vidro, um toque conecta o mundo que a rede separa. Com a leveza das manhãs que se negam a dissolver-se na infinita madrugada.
 

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