quinta-feira, 1 de maio de 2014

O brilho do sol - uma atualização



Das coisas que nos movem:
O texto abaixo foi postado em 20/04/2014 às 12h58. Eis que, uma semana depois, recebo uma mensagem fazendo menção ao poema citado na epígrafe. Nela, um link para um video em que a Camerata Antiqua de Curitiba executa "Renova-te", uma composição de Dimitri Cervo para o mesmo poema.

Encantada, agradeço ao compositor a gentileza do compartilhamento de sua obra. Publico-o novamente, acrescentando esse novo olhar, por entender que o poema ganha vida nova. O renovar-se passa a ser bem mais que um apelo que ganha forma no arranjo de palavras da poeta, e no deLírio das minhas.


* * *

Renova-te.
Renasce em ti mesmo.
Multiplica os teus olhos, para verem mais.
Multiplica-se os teus braços para semeares tudo.
Destrói os olhos que tiverem visto.
Cria outros, para as visões novas. 

(Cecilia Meireles in Cântico XIII, livro Cânticos)



Stonehenge,  por Sergia A.


Domingo de Páscoa. Nuvens, lá fora, encobrindo mansamente o brilho do sol. Uma lembrança se instalando aqui dentro, de repente. Um céu cinza. Gotas finas e novamente uma estrada. Como se isso fosse novidade em uma viagem pelo interior da Inglaterra. No entanto era sim novidade o roteiro daquele dia. O lugar e o arrepio que me corre pelo corpo pra me dizer: sim estou aqui. Pisando o solo e contemplando um templo que guarda segredos ancestrais. E a imaginação seguindo o rodopio do vento.

Stonehenge. O círculo de pedra pensado para possibilitar a contemplação da inclinação do sol. O anúncio do fim do inverno e início do período fértil. O sacrifício do cordeiro. O sangue derramado para afastar ameaças. Flores, ovos e cores vivas para cultuar a natureza, a terra e suas deusas da fertilidade. Entre elas, talvez, Eostre que deu origem a palavra  inglesa Easter (Páscoa) na apropriação cristã. 

Abundância. Renascimento. Imortalidade. Milhares de anos depois repetimos o mesmo gesto com as ferramentas do mundo tecnológico e consumista em que embarcamos. O passado e o futuro entrecruzando-se no mesmo desejo de sobrevivência e perpetuação da generosidade da terra. Entrego-me ao brilho do sol que vence as nuvens e me atinge. Um novo dia despertando olhos novos para novas visões.
 
 

Dimitri Cervo - Renova-te 
Texto: Cecília Meireles (Cântico XIII)
Camerata Antiqua de Curitiba
Regência: Wagner Polistchuk
Violino solo: Maurício Aguiar


FELIZ PÁSCOA!





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